“Tua Palavra é lâmpada para os meus pés, e luz para o meu caminho” (Sl 119, 105)
No mês de setembro somos chamados a dar especial atenção à Palavra de Deus, todos os anos, em nossas comunidades, a Bíblia sempre recebe especial cuidado.
De que adianta exaltar “o livro” quando estamos distantes do conhecimento do seu conteúdo?
Somos chamados, com sinceridade, a repensar nossas atitudes e a nos questionar sobre qual importância estamos dando à Palavra de Deus no cotidiano da nossa vida pessoal, familiar e comunitário.
Desde o Concílio Ecumênico Vaticano II (1965) a Igreja Católica vem dando especial atenção à Palavra de Deus. O próprio Concílio dedicou um especial e profundo estudo sobre a mesma. Com a Constituição dogmática “Dei Verbum”, sobre a revelação divina, os bispos participantes desse extraordinário sínodo afirmaram que é preciso que os fiéis tenham acesso à Sagrada Escritura (cf. DV 22).
Isso significa que não é suficiente para os fiéis ouvir os textos sagrados nas liturgias, é necessário que cada um sinta a necessidade de querer manusear o Livro Sagrado, tendo para com ele grande familiaridade.
Continua o Concílio afirmando que “é necessário, por isso, que todos os clérigos e, sobretudo, os sacerdotes de Cristo e outros que, como os diáconos e os catequistas, se consagram legitimamente ao ministério da Palavra, mantenham um contato íntimo com as Escrituras, mediante a leitura assídua e o estudo acurado, a fim de que nenhum deles se torne pregador vão e superficial da palavra de Deus por não a ouvir de dentro, tendo, como têm, a obrigação de comunicar aos fiéis que lhes estão confiados as grandíssimas riquezas da palavra divina, sobretudo, na sagrada Liturgia” (DV, 25). Ninguém pode dar aquilo que não tem!
O Deuteronômio afirma que a Palavra de Deus está ao nosso alcance (cf. Dt 30,14). São Paulo, com a mesma convicção, afirma: «a Palavra está perto de você, em sua boca e em seu coração. Isto é, a Palavra da fé que nós pregamos” (Rm 10,8).
Sim, é verdade! Está perto de nós e ao nosso alcance, mas, lamentavelmente, a inércia, o comodismo espiritual, a falta de fé e o jejum da Palavra de Deus aprisiona a muitos, levando-os à indiferença.
A Igreja Católica está comprometida com a sua renovação interior e essa experiência passa, inevitavelmente, pelo encontro íntimo com a Palavra de Deus. A acusação de que o “católico é um ignorante da Bíblia” é grave! E deve ser superado urgentemente!
Lamentavelmente, a ignorância sobre a Palavra de Deus gera graves prejuízos aos fiéis católicos. Bem como é grave e danoso quem usa os textos Sagrados como arma para atacar os outros e manipular consciências.
A ignorância leva as pessoas à indiferença, ao relaxamento moral, à falta de fé, à fragilidade interior, ao vazio doutrinal, ausência de paixão missionária, frágil sentido de pertença, superficialidade na oração, falta de seriedade na relação com Deus e com a Igreja. É um verdadeiro drama pastoral. Por isso, há tanta vulnerabilidade religiosa.
A resposta a essa situação delicada deve começar a partir da catequese. Todavia, em muitas paróquias, a maioria dos nossos crismandos, concluem seu processo de “formação” sem terem, sequer, lido um dos evangelhos. “A ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo” (São Jerônimo).
O Documento de Aparecida (2007) afirma: “Faz-se, pois, necessário propor aos fiéis a Palavra de Deus como dom do Pai para o encontro com Jesus Cristo vivo, caminho de “autêntica conversão e de renovada comunhão e solidariedade” (Doc. de Aparecida, N. 248).
O conhecimento da Palavra de Deus é uma urgência, pois ela propicia a autêntica iniciação à vida cristã que se dá com o encontro com a Pessoa de Jesus Cristo (cf. Doc. de Aparecida, N. 289).
Ir. Andreza Mara Lobo, op